terça-feira, 20 de julho de 2021

 I'm old


We went to a spaceship

You were in doubt

We went to a family meeting

You were in doubt

Went to the perfect dive

Still in doubt

To an empty house

Doubt

A huge volcano

Doubt

The highest ground

Enourmous sky

A world with no differences

The greatest surprise

Still, doubt.


The end of the room

A full body mirror captivated your image

Although, you weren't there

You were on the roof

as always, scaping 

like a cold lizard.

 could you come into my room

and, in one hit, uproot all the blues?

you will be red

i'll be too

only if you cross this room

i'll not go so deep

and that would be good enough

good enough, good enough

similar bodies dancing on good enough

good enough, strange enough

hearts pumping, faces blushing

the other side of circular sensations

the world of oils and textures, the world of mellow fantasies

the world of witches, the world of all women

domingo, 31 de janeiro de 2021

DE PRÊMIOS, ARMADILHAS E OUTRAS COISAS

 DE PRÊMIOS, ARMADILHAS E OUTRAS COISAS

E não adianta pensar em mudar de vida, comprar uma casa no
campo, viajar por lugares exóticos,
morar numa cidade ainda mais cosmopolita,
ter filhos ou não tê-los,
aposentar-se logo que possível... não, não adianta: a vida,
a nossa espreita em cada esquina,
ungindo os cheiros das distâncias, os planos da economia, a
subida do dólar, o amparo da alegria, a visita dos amigos,
a vida tem, a nossa revelia, seus prêmios
e armadilhas para distribuir. Não,
não adianta pensar em mudar de vida (todo lugar é Rio),
mas viver a vida, vivê-la na cidade, no campo, no mijo,
no mosteiro do himalaia, em ivolândia... dar aulas na
universidade, publicar um livro sem leitores, vender imóveis
alheios e depauperados. Viver, viver a vida,
vivê-la a cada instante, subir seus picos, frios,
no sol ou na noite, o da pedra do sino, o da bandeira,
o kilimanjaro, e depois descê-los, aproveitar as madrugadas
de peitos e vagina, de pêlos e pênis, o amor encontrado
ou perdido, exercitando sempre, passo a passo,
o vigor possível: em longas caminhadas,
quem enxerga são as pernas.

Às vezes a sua letra parece com a de um familiar falecido?



Por que não pode abrir esse caderno?
Tem uma caixa com meus dentes de leite e uma lasca de cortiça
Atualmente
Uma grande janela ilumina nosso sono
Atualmente
Sintetizadores tem me interessado
Ontem
Um mal estar tirou a minha fala
Um homem agrediu outro homem
Você abriu a porta e mostrou a sua cara
A imagem do clarão do trovão já caiu
É mais fácil cantar com uma melodia
No deserto, a temperatura cai rápido
O solo seco, com pouca água, perde calor para a atmosfera
Quando anoitece, tudo esfria junto.
Você, por você,
Moraria em Belo Horizonte?
Às vezes a sua letra parece com a de um familiar falecido?


 

"No amor, no mínimo, confia-se na diferença, em vez de desconfiar dela."




 

buscar o amor para encontrar o exílio / buscar o amor, encontrar o exílio: marchar

 Buscar una cosa

es siempre encontrar otra.

Así, para hallar algo,

hay que buscar lo que no es.


Buscar al pájaro para encontrar a la rosa,

buscar el amor para hallar el exilio,

buscar la nada para descubrir un hombre,

ir hacia atrás para ir hacia delante.


La clave del camino,

más que en sus bifurcaciones,

su sospechoso comienzo

o su dudoso final,

está en el cáustico humor

de su doble sentido.

Siempre se llega,

pero a otra parte.


Todo pasa.

Pero a la inversa.


Roberto Juarroz

terça-feira, 26 de março de 2019

Em uma viagem longa
A paisagem pela janela passa e varia muito sem que haja tempo para uma observação alongada

Ontem, um amigo me sugeriu que o pensamento é formado por imagens, e que há um olho voltado para dentro da cabeça
Mais tarde, uma amiga me falou sobre como o contato imagético é uma das primeiras relações que o bebê tem com o mundo
E que tem gente que defende que a filosofia é a infância do pensamento
Embora hoje esteja associada aos mais elevado mundo dos adultos

Recentemente, a imagem de um corpo me capturou
E eu fiquei refletindo sobre que percalços, que coincidências, qual Jéssica havia sido convocada para que aquela captura, tão específica, fosse possível

Um amigo me falou, certa vez, do "mundo da vida". Há um mundo por trás do mundo
Fantasmas que animam uma camada invisível da vida, mas que existe e, eventualmente, encarna nestes pequenos milagres imagéticos

São imagens do futuro
Que moram no intervalo entre o som e o clarão do trovão
E resolvem descer vezes por vontade própria,
Vezes porque as coisas conversam e as convocam